07/02/2025

Reduto da imigração japonesa no Paraná. N/F: Márcia Ito. Antonina, 18-01-20. Foto: Arnaldo Alves / AEN.

Cacatu, reduto da primeira colônia japonesa em território paranaense – Antonina

CACATU – Outro espaço que conta com muita história é o Cacatu, reduto da primeira colônia japonesa em território paranaense. 

Quem atende os visitantes é Marcia Ito Kikuti, simpática senhora que recebe hóspedes e turistas com calma oriental e, eventualmente, pratos com bambu.

A história do Cacatu (o nome, indígena, faz referência a um papagaio branco) é o berço da imigração japonesa do começo do século passado, numa era pós-guerra entre Japão e Rússia e de mais industrialização.

 As primeiras famílias chegaram no Porto de Antonina, subiram o rio de mesmo nome e compraram terras na região em 1917. Ao todo, foram 175 famílias.

O objetivo, à época, era de instalação não definitiva, tanto que as famílias apostaram em escolas de japonês para educar os filhos e incentivar o retorno. Eles plantavam arroz, cana-de-açúcar e legumes que eram vendidos no mercado municipal de Antonina.

As famílias prosperaram na região, mas os acontecimentos históricos não permitiram o regresso. Um decreto do ex-presidente Getúlio Vargas durante a Segunda Guerra Mundial determinou que os imigrantes de países do Eixo deixassem a costa, apelidada de “faixa de segurança nacional”. 

Com isso, eles tiveram menos de 48 horas para reunir as mudanças e partir, e as famílias acabaram se espalhando por todo o País.

Atualmente o Cacatu é um santuário que homenageia essa imigração e que hospeda pessoas e os barcos de pescadores da redondeza. Isso porque Marcia Ito Kikuti também organiza passeios no rio Cacatu, que passa ao lado da casa/hotel.

“Eu visitei o Japão há alguns anos, estudei lá por um tempo, e o mais engraçado do Cacatu é que conseguimos manter boa parte de uma estrutura muito antiga da língua. O Japão se abriu comercialmente e se transformou nos últimos anos. Nós ainda falamos do jeito que aprendemos com os antepassados. 

O japonês do Cacatu é mais raiz do que o japonês do Japão”, afirma. “Foram anos muito difíceis para os imigrantes e aqui temos um ponto de encontro da história, um ponto que celebra aqueles que atravessaram o mundo para viver no Paraná”.